6.12.10

Ventos do Interior


Este foi o título da coluna do articulista Luis Nassif publicada em 29 de setembro. Se diz impressionado com o dinamismo da economia do interior paulista após participar de uma feira de negócios em Marília, um pólo importante da industria de alimentos. Comenta também sobre o preconceito, do que ele chama velha midia, que não consegue enxergar a real importância deste mercado. E no final prevê:

¨Daqui a dez anos é possível que o tamanho das empresas e a importância das cidades seja multiplicada várias vezes. A explosão do mercado popular de consumo beneficiará principalmente os setores de vestuário, móveis, alimentação e eletrodomésticos...
Nos próximos anos as cidades médias de São Paulo, Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul assumiram um protagonismo maior no desenvolvimento do mercado brasileiro.¨

Na minha opinião, que acompanho este mercado há mais de 10 anos, talvez não seja preciso tanto tempo para que este protagonismo seja alcançado. Tanto como mercado consumidor, quanto como produtor de bens e serviços. Acrescentaria também a esta lista Goiás, Mato Grosso e em menor escala o Mato Grosso do Sul, especialmente o sul do estado, isso deixando de lado o Espírito Santo, estado com caracteristicas diferentes.

Como mencionou o próprio Luis Nassif em sua coluna, existem alguns fatores importantes para o desenvolvimento do Brasil Interior: 
 as cidades que mais se destacam se transformaram em pólos regionais importantes e especializados como é o caso de Marília, no setor de alimentos; Mirassol, por exemplo, com setor moveleiro; a famosa Franca com a industria de calçadista, só para citar alguns exemplos.  Com o recente crescimento do Brasil, e a ascensão da chamada nova classe média, que entrou com força no mercado consumidor, estas industrias locais ou regionais, na maioria das vezes de administração familiar ganharam novo fôlego, mesmo muitas vezes tendo que competir com os grandes grupos multinacionais. Para citar um exemplo: no mercado de biscoitos, empresas como a Marilan, de Marília,  competem em pé de igualdade com gigantes como a Nestlé, no mercado do interior. Quer outro: ração animal para cães e gatos, são inúmeras empresas do interior que entraram neste segmento aproveitando um nicho de mercado complementar às suas atividades agropecuaárias. Marcas na maioria desconhecidas para quem vive nos grandes centros, e que oferecem produtos de qualidade a preços bem mais acessíveis. Estas empresas têm uma grande vantagem competitiva sobre os grandes grupos, especialmente as multinacionais:
  •  conhecem muito bem as características próprias dos mercados onde atuam,
  • são marcas bastante conhecidas do público-alvo mais pela sua tradição e presença no ponto-de-venda do que por altos investimentos em propaganda,
  • tem  custos de administração e distribuição reduzidos se comparados as grandes empresas.
Por isto nesta fase de expansão das fronteiras da economia estão preparadas também para expandir com mais facilidade suas atividades para outros pólos com caracteristicas socio-economicas semelhantes, o que pouco a pouco tende a formar uma rede de empresas localizadas e especializadas no mercado do interior.

Este blog é vai mostrar um pouco destas empresas, e os caminhos que estão sendo criados para desenvolver o Brasil Interior


13.5.10

Indíce Firjan, um olhar por estado

Ao analisarmos anteriormente os resultados do IFDM/2006 apresentados em 2009 pela Firjan destacamos que as primeiras 20 cidades do ranking estão localizadas no estado de São Paulo.
Vamos agora dar uma olhada nos outros estados.

O primeiro município fora de São Paulo é Jaraguá do Sul (28) em Santa Catarina. Com população de 130 mil habitantes (IBGE/2007), IFDM (0,8774), colonização alemã e italiana,  é um importante polo industrial.  A seguir temos:

  • Brusque, SC, (45), IFDM (0,8576), 80mil habitantes, colonização alemão, polo industrial e turístico.
  • Vitória, ES, (48), IFDM (0,8642), 
  • Londrina, PR, (51)
  • Maringá, PR, (54)
  • Tubarão, SC, (56)
  • Macaé, RJ, (57)
  • Aracruz, ES, (58)
  • Pinhais, PR (64)
  • Niterói, RJ (68)
  • Itabira, MG (73)
  • Curitiba, PR, (75)
  • Blumenau, SC, (78)
  • Itajai, SC, (88)
  • Concórdia, SC, (89)
  • Nova Lima, MG, (91)
  • Ouro Branco, MG, (97)
  • Videira, SC, (98)
  • e Belo Horizonte, MG, (100)

10.5.10

Para começar

É dificil escolher uma empresa para inaugurar este blog. Uma opção óbvia seria a Hypermarcas, o grande fenômeno do momento. Atuando em diversos segmentos como farmaceutico, higiene e limpeza, cuidado pessoal, alimentos é como se anda dizendo por aí uma espécie de Unilever nacional. A estrategia de crescimento foi investir na aquisição de marcas de grande valor que estavam abandonadas como Bozzano, Gelol, Assolan, Monange só para citar algumas. Isto foi possivel porque nos anos 90 as multinacionais usaram uma estratégia agressiva de compra de empresas concorrentes como forma de garantir ou ampliar a sua participação de mercado em diversos segmentos: molhos prontos de tomate, detergentes, shampoos, lacteos, biscoitos e muitos outros. Por algum tempo a estratégia funcionou, mas passado alguns anos muitos dos negócios adquiridos foram revendidos ou abandonados. Assim marcas tradicionais como Cica, Odd, Bozzano foram aos poucos desaparecendo das prateleiras do supermercado. Pois bem, aí entrou a Hypermarcas revitalizando muitas delas. Um outro caso interessante é da Maguary, que foi vendida para a Kraft Foods, e agora está sendo recuperada pela CBB em parceria com a Dafruta, numa revolucionaria volta às origens. Estes fenômenos foram possíveis no Brasil, na minha opinião, por um grande equívoco estratégico de multinacionais como a Unilever ou a própria Kraft. Numa época de euforia da globalização e muito capital em circulação apostaram fortemente em marcas mundiais muito fortes e que a aquisição de empresas tradicionais locais seria o caminho mais eficiente e rápido na implantação desta estratégia, inclusive em categorias onde tradicionalmente não atuavam. Como o caso da Maguary, para a Kraft. Mas os custos desta estratégia foram elevados demais, a liquidez do mercado não era mais a mesma e os resultados operacionais muitas vezes ficaram bem abaixo do esperado. Por outro lado o famoso marketing global, com campanhas de produtos de consumo feitas para serem veiculadas mundialmente, não se mostrou tão eficiente quanto o esperado. E hoje está sendo revisto. Por isso vemos por aí tantas campanhas de multiancionais com Robinhos, Ronaldos e Giseles... loucas para associar sua imagem ao  espírito de brasilidade, ou de qualquer outro país onde atuem. Resultado: marcas tradicionais, top of mind, como a Bozzano, ficaram disponíveis no mercado. Por outro lado empresários tradicionais recomeçaram os seus negócios nos segmentos que já atuavam, criando novas empresas que rapidamente conquistaram participação de mercado, como é o caso da Da Fruta, criada por Silvia Tavares de Melo, um dos fundadores da Maguary em 1953. 

Este movimento no Brasil, por causa do famoso jogo de cintura do empresario brasileiro associado a um mercado interno em expansão, é bastante interessante para quem gosta do mundo de negócios produtivos. Em alguns setores como produtos de limpeza, por exemplo, por mais que as multinacionais ou fundos de investimento adquiram empresas brasileiras, acabam sempre surgindo novas empresas para ocupar este espaço. E isto acontece, neste momento, por um processo que eu chamaria de algo como "desglobalização", porque no fundo o consumidor é mais diversificado, do que as melhores pesquisas de mercado podem detectar, e conhecê-los mais de perto, talvez seja a grande vantagem competitiva das empresas nacionais.

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